Uma revisão de estudos publicada na revista Alzheimer’s & Dementia revelou insights importantes sobre como medicamentos prescritos podem influenciar o risco de demência. Cientistas revisaram sistematicamente pesquisas baseadas em dados de mais de 130 milhões de registros médicos, identificando classes de medicamentos associadas a maiores ou menores riscos de desenvolver a condição.
Essas descobertas podem direcionar estratégias de reposicionamento de medicamentos e auxiliar na prevenção de doenças relacionadas à demência, um desafio global de saúde.
Medicamentos e risco de demência
A pesquisa apontou que certas classes de medicamentos, como antimicrobianos, anti-inflamatórios e vacinas, estavam associadas à redução do risco de demência. Por outro lado, medicamentos como antipsicóticos e alguns tratamentos para diabetes foram vinculados a um risco aumentado. Os achados destacam o papel potencial da modulação imunológica e do controle de infecções na prevenção do declínio cognitivo.
Os pesquisadores enfatizam o potencial da reutilização de medicamentos existentes, que já foram aprovados para uso em outras condições médicas, para combater a demência. Esses medicamentos podem interagir com vias biológicas relacionadas à demência, proporcionando benefícios além de suas indicações originais. No entanto, as evidências são inconsistentes, destacando a necessidade de investigações mais aprofundadas para identificar padrões consistentes.
Metodologia e principais descobertas
A revisão sistemática utilizou dados abrangentes até agosto de 2023, analisando grandes coortes de participantes por meio de aprendizado de máquina e modelagem estatística. Os medicamentos foram avaliados quanto à frequência de uso, duração e associações com o risco de demência.
Os pesquisadores descobriram que certos medicamentos foram consistentemente associados a efeitos significativos no risco de demência, tanto protetores quanto adversos. Antibióticos, antivirais e anti-inflamatórios surgiram como protetores, com taxas de risco indicando reduções notáveis na probabilidade de desenvolver demência. Essas descobertas destacaram o papel potencial de abordar a inflamação e as infecções como parte das estratégias de prevenção da demência.
Da mesma forma, vacinas para doenças como hepatite e febre tifoide mostraram associações com risco reduzido de demência, sugerindo que a modulação imunológica pode oferecer benefícios protetores contra o declínio cognitivo.
Em contraste, os pesquisadores descobriram associações preocupantes entre o uso frequente de antipsicóticos e benzodiazepínicos e um risco elevado de demência.
Esses resultados se alinharam com evidências anteriores indicando os riscos neurológicos de longo prazo dessas classes de medicamentos e ressaltaram a necessidade de avaliação cuidadosa de seu uso, particularmente em populações com risco de comprometimento cognitivo.
Enquanto isso, medicamentos que visam vias vasculares e metabólicas, incluindo anti-hipertensivos e estatinas, mostraram resultados mistos. O impacto desses medicamentos no risco de demência variou dependendo do medicamento específico e dos fatores demográficos, o que indicou a necessidade de investigações mais precisas para determinar seu papel na prevenção da demência.